26/08/2011

Filmes que Não Fiz


Partindo da premissa deste talentoso curta, Filmes Que Não Fiz, decidi escrever um pouco sobre este tema bem coerente ao cinema independente, afinal de contas, quando se fala em guerrilha, tem guerras que não saem de dentro de nossas reuniões mas que deixam de eclodir por pequenos motivos.
Cinema independente é assim: muita idéias e muita paixão mas no contraponto os compromissos remunerados que nos mantém longe de se dedicar a um hobby que requer tanta dedicação. Uma série de fatores físicos e as vezes meio místicos nos separam de gritar um “ação” e colocar a câmera para rodar.

Sem ser linear em meu raciocínio, este foi o caso do grandioso ROAD MOVIE. Aliás, tem sido o caso, porque projetos engavetados, por enquanto, ainda são filmes que não fiz. Mas o futuro reserva surpresas. ROAD MOVIE é um filme labirinto; é uma inversão narrativa que fala basicamente sobre pais e filhos. Dentro deste mundo tem espaço para os temas amor, preconceito, demência, política e violência. O filme foi elencado de forma brilhante, os ensaios se seguiram e todos já estavam afiadíssimos para entrar em set. Mas uma série de infelicidades logísticas e falta de apoio tardou, possivelmente para 2012, o filme de estrada da Arquivo Morto.

Antes disso, ainda dentro do pacote: “escrito, elencado e ensaiado” estava HELLBAZER, o fan movie a ser dirigido por Édnei Pedroso que quase foi as vias de fato. Saíram cartazes do protagonista, Rico Assoni, figurinado como John Constantine. Muita premissa se diluiu no engavetamento do ambicioso projeto.

Na linha filme intimista, uma grande promessa de 2007 era AS COISAS SIMPLES DA VIDA. Contava a melancólica paixão platônica de um desempregado fã de Bob Dylan por uma enigmática mãe solteira. Tudo acontecendo em plena era dos caras pintadas e o fora Collor. Assim como os outros filmes, é um filme engavetado, mas não morto!

Devaneios a parte, 5-15-2 era para ser um blockbuster passado nos matagais e açudes do interior gaudério. Nele, o indefectível Marco Soriano Jr., protagonista de 5-15 (1) e ator clichê da Arquivo Morto, se via as voltas com um bando de mercenários querendo seu pescoço. Muito tiroteio, muita testosterona, explosões e helicópteros estariam lá, acompanhados de um roteiro raso digo de um clássico de Bronson. Filme pipoca da Arquivo que não saiu por motivos óbvios.

Mas ainda dentro do estilo pouco roteiro e muita diversão, está BBZ 2. O afamado terrir que percorreu os festivais do Brasil inteiro agora ganhando uma segunda edição. Vidal e suas tiradas impagáveis, muito sangue e cérebros em um final de semana em Mariana Pimentel regado a cachaça. Levando em conta o nível de dificuldade de produção, este é um possível candidato para ir as telas ainda em 2011. Os fanfarrões de plantão clamam por BBZ 2. Mas desta vez, o roteiro, já pensado, tem mais horror e menos fetiche, mas claro, seguindo a ótica consagrada das câmeras estáticas e do “vamos dar uma espiadinha?”.

Enfim, cada dia nascem novos projetos, uns se alimentam e crescem, outros permanecem dormentes esperando a hora de ganhar vida. Assim é o cinema de guerrilha, assim é a vida.

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