24/08/2011

Moviola Filmes e O Liberdade

Em 2007 surgia, em Pelotas, no sul do Brasil, o Moviola: um coletivo criativo de grande atuação e uma comum paixão pelo cinema. No trajeto até aqui, diversos curtas premiados que falam sobre a arte, escrutinam a vida e as paixões de pessoas simples e flertam com o documentarismo. Chega 2011 e um novo e apaixonante projeto toma forma: O Liberdade. É sobre este caminho trilhado, esta forma dedicada de fazer cinema e o novo projeto, em fase de finalização, que nos conta nos próximos dois posts, Cíntia Langie, uma das fundadoras da produtora e colaboradora da Arquivo Morto.

A equipe de O LIBERDADE reunida

A EQUIPE E AS IDÉIAS 
A Moviola surgiu em 2007. Um grupo de pessoas que ja fazia cinema esporadicamente, reuniu-se em Pelotas e passamos a assinar os filmes como Moviola. Nessa época eramos 4: Cintia Langie, Alberto Alda, Alexandre Mattos e Chico Maximila. Desde então viemos produzindo todo ano, e muitas pessoas foram se agregando ao grupo - hoje contamos com uma equipe base de 12 pessoas: Rafael Andreazza, Felipe Campal, Daniela Pinheiro, Bianca Dornelles, Lauro Maia, Davi Mesquita, Iná Grabin, Thiago Rodeghiero, entre outros. Além de profissionais, somos todos amigos e nos reunimos frequentemente. É dai que nascem as idéias. Os projetos partem de alguém, esse alguém apresenta a ideia aos colegas, todos pegam junto e opinam, incrementando a idéia. Toda equipe está envolvida nesses debates de projetos, desde o pessoal da produção até a equipe de foto, som e direção.


Belo instântaneo de O LIBERDADE

O NOVO FILME
O bar Liberdade é um reduto do choro em Pelotas. Frequentamos o bar há muito tempo. Em 2008, Cíntia Langie e Daniela Pinheiro resolveram documentar o bar, para mostrar o que ali acontece. O que ocorre no bar, os musicos, os dançarinos, os frequentadores, uma coisa muito rara nos dias de hoje, com muita alma, sempre encantou a equipe e resolvemos transformar isso em um documentário. Montamos uma equipe, pedimos autorização ao dono do bar, e partimos para as gravações. O resultado não foi muito satisfatório. O material captado ficou muito aquém do que tinhamos na mente, sobre o bar. Descobrimos naquele momento que tentar transpor a alma do Liberdade em um filme não seria tarefa fácil. Trancamos o projeto, pois nossa criatividade ficou travada. Porém, a ideia sempre ficou na mente e esse era um compromisso da Moviola: terminar o filme do bar Liberdade. Em 2010, criou-se em Pelotas um Fundo Municipal de Cultura. Debatemos, toda a equipe, e decidimos cadastrar no ProCultura de Pelotas o projeto do documentário O Liberdade. Fomos aprovados. Em fevereiro de 2011 começamos a executar o projeto. Começamos do zero. As imagens feitas em 2008 serviram apenas como pesquisa. E foi muito útil ter feito tudo aquilo. Dessa vez fomos mais maduros para as entrevistas e para pensar as locações. A ideia do novo roteiro do documentário tirava o foco do bar, tirava os músicos e frequentadores daquelas quatro paredes, mostrando também a cidade, seus recantos, suas paisagens. Assim gravamos durante os meses de março e abril. Gravamos tanto, e tudo saiu tão profundo, que não conseguimos editar em 20 ou 30 minutos, como pensavamos. Virou um longa. 


Mais um sorriso em O LIBERDADE

O DESAFIO DO LONGA-METRAGEM 
Fazer um longa sempre foi uma meta da Moviola. Mas pensávamos em fazer isso mais adiante, nos próximos anos. Sempre tivemos consciência de que cinema se aprende fazendo. Queriamos realizar mais uns curtas, antes de partir para o longa-metragem. Mas O Liberdade não poderia ser outra coisa senão o que ele virou: um documentário de 1 hora e 15 minutos sobre a paixão pela música. Durante as gravações, utilizamos duas câmeras (panasonic HVX200 e canon D60) e gravamos o áudio separado com um gravador Zoom H4n. A gravação foi tranquila, tinhamos o roteiro muito esclarecido na mente, muito devido ao fato de ter começado lá em 2008 a documentar esse bar. Porém, o grande aperto foi no momento da montagem. Muita imagem. Imagens de dois formatos diferentes. Áudio separado. A primeira coisa foi conseguir organziar o material. O primeiro corte ficou com 2 horas, e dai fomos afinando as arestas. O orçamento do projeto aprovado no ProCultura tem valor global de R$23 mil. Fizemos um longa com essa quantia. Todos os profissionais receberam valores simbólicos pela sua função. Todos receberam para fazer um curta. E todos encararam o longa com prazer. Este foi o primeiro filme da Moviola com orçamento. Tivemos transporte, tivemos uma pequena verba para produção. Isso fez a diferença. Conseguimos gravar muita coisa. E muito material de qualidade. Mas o grande diferencial desse projeto, creio que como todos os outros da Moviola, foi o componente humano: todos fizeram o filme com paixão. A dificuldade de se tratar de um longa é no momento atual. Estamos finalizando em After Effects e o computador tem dificuldades para trabalhar com um projeto tão grande. A dificuldade é também enxergar que temos um filme mais "profissional" nas mãos e que precisamos batalhar para distribuí-lo de uma forma profissional. Mas esse desafio é o que, no final das contas, faz a diferença.

Acompanhe o resto desta história em breve e enquanto isso acesse o blog da Moviola para saber de novidades http://moviolafilmes.blogspot.com/ e assista aqui ao teaser de longa.


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