09/09/2011

Nazistas na Lua


Em 1945, após a vitória aliada na 2ª Guerra Mundial, os nazistas remanescentes fugiram para o lado escuro da Lua. Em 2018, eles voltaram!

Esta é a premissa de Iron Sky, ficção científica das produtoras independentes finlandesas Blind Spot Pictures e Energia Productions, em co-produção com as produtoras 27 Films (alemã) e Holland Pictures (da Austrália). O longa-metragem, orçado em “modestos” 7 milhões de euros angariados através de uma árdua campanha na internet, levou cerca de 5 anos para ser produzido. Você pode ter uma palhinha do resultado no teaser abaixo.





Bacana, hein? O filme é dirigido por Timo Vuorensola (mesmo diretor do fan film Star Wreck: In The Pirkinning) e tem data de estréia prevista para 04 de abril de 2012. Mais informações sobre Iron Sky você pode conferir clicando aqui (em inglês).

05/09/2011

A IMPORTÂNCIA DO STORYBOARD (NO CINEMA INDEPENDENTE)


No mundo do cinema independente, uma regra é imutável: a margem de erro deve ser considerada apenas enquanto a câmera estiver rodando. O que isso significa exatamente? Significa que durante uma diária de filmagem a equipe está sim suscetível a problemas mas durante todo o resto do processo, não podemos errar!

Assim como em diversas outras áreas da vida, planejar é essencial. Produzir à exaustão e criar intrincados cronogramas, decupagens minimalistas e deixar tudo engatilhado, tim-tim por tim-tim é a base de fazer um filme decente quando o dinheiro não está entrando no caixa do filme. Quando os esforços se concentram em dar vida ao sagrado dia de filmagem, tudo tem de estar alinhado para este dia aconteça sem maiores percalços.

Aí que entra a importância do storyboard. Muitos vão me argumentar que renomados diretores dispensam storyboard e preferem perambular à revelia com a câmera na mão. Isso é estar sujeito a um talento nato e formidável, não apenas do diretor, como de todos envolvidos. Fazer um filme “naturalista” pode até funcionar dependendo do que você quer dizer mas, quando você tem uma trama minimamente fundamentada, uma história construída, a equação é outra.

O storyboard é uma decupagem sequenciada do que precisa ser filmado para que na montagem o filme faça algum sentido. Normalmente é formado de um rabisco cheio de setas indicando movimentos intrínsecos à cena e movimentos de câmera e na lateral uma descrição breve do que acontece no plano e a numeração, tanto do plano, quanto da cena. Storyboards mais ricos contém detalhes de arte e fotografia mas nem sempre é o caso. Saber desenhar ajuda e muito mas imagino que poucos tenham grande habilidade nesta arte. Eu mesmo, desenho muito pouco, mas acredito que consiga me fazer entender em meus rabiscos, e considero isto ser importante no final das contas. Na dúvida, tenha ao seu lado um desenhista de mão cheia para lhe ajudar a traduzir suas idéias.

Para colocar as mãos na massa, uma simples folha em branco pode bastar. Mas existem alguns softwares que ajudam no processo. O mais conhecido, o Toom Boom  é um tipo de organizador, com alguns atalhos bastante úteis. Para os que não saem do desenho estilo palitinho, o FrameForge é de grande valia. Com ele se constroem cenas em 3D usando um banco de dados de modelos acoplado no software. Para quem busca algo mais descritivo, que ajude no resto do processo todo, uma grande pedida é o Celtx. Todos são softwares pagos mas com demos funcionais para download.





Feito o storyboard, o diretor se pergunta: do que vale ter isto à mão já que o filme está todo montado em minha cabeça? Todos os outros membros da equipe e em especial, diretor de fotografia e seus assistentes, precisam estar alinhados com suas idéias mirabolantes e explicar verbalmente no dia da gravação é um amadorismo do qual se pode fugir. Isso sem contar nas necessidades de produção que vão surgir quando o produtor bater os olhos no story.




Mas o mais importante na verdade, além de garantir que todos planos necessários serão feito, é poupar um tempo valioso ao lado do pessoal da fotografia que o diretor vai poder usufruir ao lado de seu elenco, que com certeza vai precisar muito mais dele na hora H. Definir narrativas e sequências é um trabalho meramente burocrático: lidar com as pessoas na frente das lentes é o intenso trabalho de cunho mais artístico, é ali que o filme vai se definir e ganhar vida.



Nos curtas da Arquivo, naturalmente muita coisa foi feita sem storyboard! Mas isso foi um grande aprendizado para todos envolvidos e esta questão me veio forte à tona em um debate na Ufpel onde havíamos feito uma sessão de “Os Batedores”. Lá, fui questionado sobre a importância dos storyboards. Salientei muito que fazer cinema independente sem esta ferramente era um grande desatino.

No momento, estou terminando um storyboard bastante complicado, que já passa de 50 páginas (para um curta de menos de 20 minutos), do filme Nove e Meia.

Visite este blog. Muita informação sobre storyboard e arte conceitual.

02/09/2011

Fan Films


Uma das mais interessantes manifestações do cinema independente, o Fan Film ou Fan Movie é uma produção cinematográfica feita por fãs de determinada obra, que se utilizam de sua criatividade (e de seus próprios recursos financeiros) para homenagear seu filme/HQ/livro preferido, ou apenas expor uma versão idealizada do mesmo.



Embora tenha suas origens lá nos anos 60 e 70 (com as versões caseiras americanas de filmes de terror famosos), foi com a internet que esta categoria ganhou o m
undo. Após o surgimento de Troops, uma espécie de COPS do Império Galáctico filmado em uma praia qualquer dos Estados Unidos, uma série de vídeos baseados em franquias famosas de Sci-Fi (principalmente do universo de Star Wars e no universo Trekkie) pululou pela rede. Abaixo, você pode conferir dois ótimos exemplos desta leva: Ryan VS Dorkman traz dois jovens a paisana que se desafiam no melhor combate com sabres de luz da história; já Star Wreck – In The Pirkinning fecha uma série de paródias finlandesas ao universo de Jornada nas Estrelas desenvolvidas desde 1992 por Samuli Torssonen, um fanático por efeitos visuais.




Esta febre de filmes baseados em ficção científica foi seguida de perto pelos fan films de super-heróis. Com o surgimento de Batman – Dead End, dirigido por Sandy Collora (um designer de Hoolywood que resolveu filmar um crossover de Batman, Predador e Aliens chamando alguns amigos e bancando do próprio bolso), vimos que um filme de super-heróis não precisa de um orçamento milionário para ser bom (tanto que, por quase cinco anos, o curta de Collora foi considerado o melhor espécime cinematográfico baseado no homem-morcego).



Depois de Dead End, muitos outros fan films baseados em personagens de HQs famosas ganharam as telas da internet (dos mais conhecidos como Robin; e Superman, até os mais obscuros como o truculento Lobo em The Lobo Paramilitary Christmas Special). Como citado no texto da semana passada, até a Arquivo Morto iniciou, em 2007, a pré-produção de um fan film baseado em John Constantine (o emblemático mago inglês criado por Alan Moore), chegando a escalar elenco e iniciar ensaios. Uma pena que, devido a diversos problemas de produção, tivemos de colocar o projeto Hellblazer em stand-by por tempo indeterminado.



Concluídos ou apenas trailers (como o segundo fan film de Sandy Collora, Os Melhores do Mundo), o fato é que os fan films vêm ganhando reconhecimento através das redes e de festivais específicos para a categoria. São produções feitas com paixão e de forma totalmente independente e criativa. São filmes feitos de fãs para fãs.