24/04/2008

7ª Diária: Versão do Produtor - The Old Days, the Best Days

Entre o famoso Chalé da Praça XV e o Mercado Público, eis que o pessoal da Arquivo Morto resolveu mostrar como eram as coisas nos “bons e velhos tempos”, no curta-metragem Os Batedores.

Era umas 7 da manhã de um domingo quando começamos a isolar boa parte do largo Glênio Peres (com algumas fitas e postes comprados pelo Diretor, e uns cones conseguidos pela Cláudia Borba). O Chalé nos cederia um pedaço do seu tempo livre e um platô para que pudéssemos filmar na sua fachada, e o resto seria contar com a boa vontade do povo do Centro de Porto Alegre para colaborar e não burlar a contenção, que era mais de advertência do que efetiva. Não era tarefa fácil, mas se fosse fácil, não teria graça, certo?
Os atores, equipe e figurantes começaram a chegar e começamos a função de produção: figurino (sempre em dia e organizado pela Juliana Robin), maquiagem (Lisi Caldini fazendo todo mundo ficar bonito), marcação de planos com Filipe Ferreira, Márcio Cardoso, Marcelo Lima e Franck Rebello (este último em seu primeiro dia de “Batedor”), e Cíntia Langie tentando colocar lentes de contato no ator mirim Lucca Faccioli Lutzky, que faria o papel do Jovem Raul e precisava ter os olhos similares à sua versão “adulta”. Perambulando, Cristian Verardi assumia oficialmente a captação de imagens para o Making Of. Julia Jones clicava.
Tudo pronto e vamos à cena que mostrava certa parte da infância de Raul (Lucca Lutzky), que era treinado por um jovem e magro Odilon (Eduardo Steinmetz) para ser um exímio batedor de carteiras. Para o deleite da galera, uma versão masculina do perigoso Marcião (Lucimar Luis Reolon) dava o ar de sua graça e, de quebra, barbarizava uma dama de vermelho (Steffi Schmang) que passava em sua frente na rua. Curioso foi a forma como angariamos a moça para fazer a figuração, ou melhor, como Jack Gerchmann a abordou no meio da Redenção (sem nunca tê-la visto) e a convidou para figurar no nosso curta. É, vida de produtor de elenco não é moleza. O fato é que este elenco dos Velhos Tempos foi escolhido a dedo e se encaixaram como uma luva em suas versões atuais. Além de parecidos com os atores das versões “mais velhas”, os três atores são muito talentosos, e isso se evidencia nesta cena, uma vez que não há áudio ou diálogos para mascarar qualquer coisa: toda a intenção é mostrada em suas feições.
Além disso, a continuação da cena contou com muitas presenças bacanas de figuração. Algumas bem conhecidas da trupe: Maurício Gyboski se espantava ao ver seu amigo apanhando de Odilon. Rose Borges, a primeira-dama do curta, se espantava ao ver um desafortunado apanhando de Odilon. Édnei Pedroso (este que vos escreve) era o pobre coitado que apanhava de Odilon. Na verdade, eu andava tranquilamente pela rua quando o moleque Raul tentava afanar minha carteira. Claro que eu era muito mais esperto que ele, logo, o peguei na tapinha. O problema é que o Odilon tava por lá e salvou a parada do guri, me usando como saco de pancadas...
Salvo alguns desavisados que insistiam em passar pela faixa de proteção e alguns FDP que, mesmo avisados, gostavam de aparecer, o saldo foi muito positivo. Embora fosse uma cena de época, na verdade, era uma passagem sem data definida: nossa idéia era de que os bons e velhos tempos são atemporais (ou seja, para mim, os bons tempos eram os anos 80, para ti, os anos 50, e assim por diante), desta forma, não era difícil encontrar referências de várias décadas na cena, tanto no figurino dos passantes (vestidos, chapéus, gravatas borboletas, cortes channel, etc), quanto na locação (cartazes de filmes antigos, pesquisados pela Fernanda Jorge, ou o próprio Chalé da Praça XV, que mantém sua fachada clássica) e na caracterização dos personagens principais (Odilon nos Anos 50, Marcião nos 70, Raul nos Anos 30, e por aí vai...). Para coroar este feliz pot-pourri, “O Homem” (Jack Gerchmann) chega em um poderoso Galaxy, ao lado de seu fiel escudeiro Arauto (Cláudio Benevenga), para sacramentar o inicio de seu império. Era o fim dos Velhos Tempos.
No fim das filmagens, lá pelas 14hs, os que não correram para outros compromissos foram ao prédio da Cláudia para almoçar por conta da Pizza Hut, que nos apoiou com alimentação nesta e em mais duas diárias. Os mais heróicos esticaram para um bar e, depois, prestigiaram o Eduardo Steinmetz em uma peça de seu grupo de teatro-musical, Lipstick Station, na Usina do Gasômetro. Bacana.

Foi uma filmagem relativamente tranquila. Teve percalços, mas foi objetivo. Nem por isso o resultado foi menos que ótimo. As fotos dão uma palhinha do que há por vir...

Próxima parada: Escritório do Homem.

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