16/01/2008

2ª Diária: Versão do Diretor - Domingo

Texto originalmente publicado em 20/11/2007, no blog www.sobrevivendoaojogo.blogspot.com

Em breve em um cinema perto da maioria de nós o filme mais curioso de 2007: http://www.imnotthere-movie.com/ ...5 atores e 1 atriz são Dylan. Proposta de primeira categoria. O mais estranho é que quem ficou mais parecido(a) com ele foi a Cate Blanchett. No físico, nos gestos, tudo. Sinistro.

Em falar em sinistro e em todas as possibilidades desta palavra desconfortável, sinistro é um bom adjetivo para as últimas captações de Os Batedores. Este "Karma" que têm nos seguido tem uma conotação maléfica e benéfica ao mesmo tempo. Acredito seriamente nisso. É tempo de provação. De testar limites e possibilidades e lutar contra uma série de fatores que fazem da melhor maneira o que todos nós buscamos neste projeto: aprender. Aliás, pra tudo que se faz na vida vale esta máxima. Aprender, depois fruir. Mas mesmo com o inverno rigoroso no set do Beco este último dia 18, conseguimos sofrer e fruir ao mesmo tempo. O domingo amanheceu chuvoso o que assolou a lista de chamada no set. Algumas pessoas, apesar da comprovação científica de que uma dieta à base de açucares é maléfica à saúde, são feitas disso. Isso prejudica o organismo vivo que é a produção. Fanfarronice e balbúrdia também prejudica. Mas estes males foram os menores neste dia 18. O navio enfrentou outras tempestades como desistência inexplicáveis e/ou forjadas; danos materiais e acidentes no set. Se servir de consolo para quem participou e teve um domingo de cão mesmo que não estando envolvido nos incidentes, o material captado ficou muito rico. Claro que uma cena pronta NUNCA fica igual ao que estava na cabeça de todo mundo... seja pra melhor ou pior... mas a cena do Marcião ficou bem próxima da minha imaginação pelo menos. O que havia de leque de possibilidades na mão do França um dia antes, no dia do ensaio, acerca da personagem, se concretizou em uma face. Um travesti falsamente chique, que nunca perdeu seu ar de vagabundo de rua (ao cruzar as pernas isso fica evidente) e que tem um temperamento instável e atordoante. Acho uma medida justa. Seu lado violento ficou assustador. O espancamento era um barco cruzando no horizonte e o horizonte era uma festa nos fundos de seu escritório. O Jefferson fez sua estréia no curta. Não abriu a boca mas bastou seu olhar para marcar a cena. Hoje vi umas imagens de sua atuação como clown. Batendo uns pratos em uma banda de palhaços. Se estivesse de fraldas não teria segurado o mijo.

De resto, caneta e dedão, a caçada do cão. Do cão, apenas o humor. Diária em estúdio maçante hoje de manhã e amanhã gravação dia todo. Ceninhas com pessoas felizes e consumistas. Perdeu a graça. Pelo menos por hora. Por hora a hora da provação balizou legal o meio de campo. Ainda bem que o Dylan tá me dizendo...

How many years can a mountain exist
Before it's washed to the sea?
Yes, 'n' how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes, 'n' how many times can a man turn his head,
Pretending he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.

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